quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Pessoa....

Eu procuro uma pessoa que seja, acima de tudo, construtiva. Que fique muito feliz quando as coisas dão certo para aqueles que merecem. Alguém que goste muito de dizer sim (quando dizer significa “vamos aproveitar esse momento”, “vamos fazer essa loucura”, “vamos cantar na chuva”, “vamos encontrar a galera” e, principalmente “vamos mudar o mundo”). Alguém que goste muito de dizer não (quando dizer não significa “não vamos aceitar a miséria”, “não vamos ficar vendo TV”, “não deixe de contar comigo” e “não vamos ficar de braços cruzados”).


Alguém que queira muito viver intensamente (e que ache que viver intensamente significa estar presente na vida dos amigos, ter projetos de transformação, ter pique para acordar cedo se for preciso [ou dormir bastante quando possível], inventar a energia necessária para se fazer aquilo que se quer).


Alguém que ame muito a liberdade, e que não abra mão dela. Que saiba plantá-la no coração das pessoas com quem convive (aquela pessoa que sabemos que podemos contar, sem que, por momento algum, permita que qualquer um se sinta o seu dono).
Que saiba respeitar os momentos do outro, e que saiba estar lá, mesmo sem ser chamada, quando se precisa dela. Que esteja realmente disposta, e que não tenha problemas demais de maneira que não possa ouvir aqueles que precisam. Que goste de dançar. E também de cantar sempre que ouça um violão (ou assim, mesmo sem nenhum instrumento de fundo).


Que ame a lua e as estrelas, e que possa ficar várias horas só ouvindo o barulho do mar.
Que saiba ser tolerante e flexível quando o que se precisa é de compreensão e companheirismo. Que saiba ser firme e inflexível quando o assunto for agir de acordo com seus princípios e ideais.

Que sempre procure o horizonte ao subir os picos mais altos, e que achem o máximo quando começa a garoar quando você põe o pé para fora e pretende voltar para casa. Que vibram quando duas pessoas especiais se encontram. E que torça muito para que as pessoas que ama sejam felizes. Que não tenha vergonha de abraçar forte um amigo.


E que goste de fazer as pessoas sorrirem (isso é bastante importante). Que aprecie massagem e carinho. Que tenha iniciativa. Que não tenha tempo para perder com mesquinharias. Que seja apaixonada pelo mundo. Que queira fazer a diferença e lutar pelas revoluções. Que ache que as pessoas precisam (e merecem) uma vida melhor.
Que tenha muitos sonhos e desejos, e que lute para torná-los possíveis, sem ter medo de vivê-los. Que seja lispectorianamente boba. E cujas palavras, como bem disse Brecht, soem como alento e esperança para os que dela precisam, e como adagas afiadas para os corruptos e exploradores.


Tudo bem, tudo bem. Não é muito fácil, mas quem disse que eu preciso procurar coisas fáceis?
aliás....


já achei!


TE AMO TREM!

sábado, 14 de novembro de 2009

De cabeça?

Um dos fatores que mais determina a intensidade com que eu recebo as ações das pessoas ao meu redor é o quanto eu tenho as guardas erguidas contra ela.


Se eu tenho as guardas erguidas, sou tão forte. As coisas não me atingem. E não é questão de insensibilidade: é que eu sou relativamente seguro em relação às coisas que acredito, e a minha concepção sobre as pessoas não é geralmente tão romântica. Isso significa que, via de regra, eu sei do que as pessoas podem fazer e estou pronto para enfrentá-las diante do conflito do que cada um acha certo. Isso não significa, também, que eu saia distribuindo socos por aí. Eu tento sempre, independente de com quem interajo, ser uma pessoa construtiva. Mas são níveis de tolerância e compreensão diferentes, mais flexíveis de acordo com quem é a pessoa do outro lado. É importante buscar a convergência, mas ignorar as divergências e achar que elas não são importantes é um suicídio de personalidade que não estou disposto a cometer.


Acontece que eu nunca estou preparado para enfrentar aquele que está do meu lado. Não me protejo dos lados. Sou muito intenso, total 8 ou 80, e por isso me falta, algumas vezes, a exata compreensão de que as pessoas, por mais especiais que sejam, são pessoas. E que elas não vão agir querendo o nosso bem, sempre. Às vezes vão olhar mais para si do que para os outros, às vezes serão egoístas, e às vezes, mesmo que bastante raramente, elas vão fazer algo que sabem (ou que obviamente deveriam saber) que vai nos magoar muito. Disso, decorrem três problemas principais, com os quais eu estou tentando aprender a lidar:



O primeiro é que isso nos deixa muito triste. Ser intenso é isso aí: se jogar. Se a gente acha que a piscina é rasa, a gente pula com bastante cuidado. Se a gente tem dúvida, fica a prudência. Mas se temos certeza de que é aquela velha e funda piscina, que está ali para alimentar nossa alma, a gente pula de cabeça. E se isso acontece e encontramos a piscina vazia, dói muito, muito mais.


O segundo é que isso muda completamente minha relação com as pessoas-piscinas. Eu perdôo muito fácil, mas certos sentimentos não voltam a ser como eram nunca mais. Não é mágoa, não é ressentimento, é um instinto de sobrevivência que tenta fazer com que minha alma fuja da dor. Resgatar a antiga confiança passa a ser uma tarefa extremamente árdua e geralmente as pessoas não estão dispostas por passar por todas as fases da conquista que já se passaram, o que é muito compreensível. O ser humano se acostuma muito fácil em ter mais, e fica muito frustrado quando passa a ter menos.



O terceiro e maior problema é que isso afeta a minha própria relação ao mundo. Falei com uma amiga estes dias e, sinceramente, não quero que minha esperança seja uma utopia abstrata de aplicação prática no éter. Quero que minha esperança seja real, desprovida de ingenuidades exageradas, alienações e mentiras. Mas ao mesmo tempo, sempre que uma pessoa faz parte de um alicerse de seus valores, e depois deixa de fazer, os seus próprios valores e concepções são afetados.

E não adianta: não consigo (e nem quero) que pessoas que amo deixem de fazer parte dos meus alicerses. Então, quando se destrói a imagem que eu tinha delas, se destrói um pouco da minha concepção de mundo também.
Cada vez que eu pulo de cabeça na vazia piscina fica mais improvável que eu me jogue com determinado empenho novamente. Eu luto para não aceitar isso, mas às vezes parece que não é uma batalha que eu devesse enfrentar sempre.

O que eu sei é que não quero o raso. Mas talvez precise descer devagar ao invés de me jogar.

Eu preciso andar de punhos abaixados, sim. Mas preciso ser forte o suficiente para aguentar todas as consequentes pancadas que vou receber. Vou olhar diretamente para cada golpe e recebê-lo como o golpe de uma vida intensa e condizente com o que acredito ser certo. Vou cair, vou me perder na escuridão.

Mas não hoje. Hoje não!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Somatades...

Eu sou metade sonho e metade existencialismo.

Caminho sobre o fino cordão. Querendo viver com a inspiração e disposição da libertária revolução absoluta, e com a consciência de que, quando os grandes saltos não são possíveis, os pequenos passos são ainda mais fundamentais.


Querendo cultivar a esperança no ser humano mesmo quando ele nos parece tão egoísta. Enfrentando o meu medo de ter medo de não acreditar mais (que, não faz da minha força uma confusão).

Tentando descobrir o mundo real sem me perder do mundo ideal. Lutando pela sobrevivência e fugindo do embrutecer da existência.


(minha utopia, meu norte).


Uma ambiguidade tão grande. A um passo do amor mais intenso, a um passo da solidão mais dilacerante. O olhar mais dedicado, ou o colega mais distraído.


Um poço de idealismo mergulhado no racionalismo da curiosidade que não se contenta com poucas respostas.
Que quer sair da superfície, e aceita as consequências e os perigos da profundidade.